Apesar de prevista, eliminação no Carioca escancara mais problemas
- Eduardo Alves
- 8 de mar.
- 3 min de leitura
Resultado adverso custa eliminação do Vasco no Campeonato Carioca diante de grande rival

Não sei nem por onde começar. Como já falei algumas vezes na rede social, acho que comparação é um veneno perigoso. Claro que, quando colocado contraposto ao melhor projeto esportivo do país, o Vasco vai soar medíocre. Natural.
Mesmo assim, a quantidade de erros que causam esse insucesso no campo frustram. São erros em tantas esferas que parece que o clube patrocina o próprio fracasso. Em certos casos, parece até que é proposital de tão gritante que é o equívoco.
Difícil separar torcedor do profissional nessa hora. Costumo tentar ser o mais equilibrado possível, pois sou jornalista, mas o que mais grita nesse momento é o sentimento de ver o clube que tanto amo sendo dominado dentro do campo.
O retrospecto do Vasco contra o Flamengo nos últimos trinta jogos, aproximadamente, é retrato da distância que as duas instituições possuem em seu norte esportivo. Nada é por acaso. Até complicado desenhar um culpado. São os mais diversos.
E o Carille?
Mesmo que fosse o Pep Guardiola, quem está na beira do gramado em dois insucessos tão grotescos assim tem a sua parte na culpa. Sim, futebol envolve a técnica, o material humano, mas especialmente em clássico, outros fatores entram em jogo e estes faltaram.
Se por demérito dele, se por dificuldade de interpretação dos jogadores ao que ele passa... pouco importa. O papel do técnico é extrair o melhor dos jogadores e este não foi feito. Não há nada que me convença de que o Vasco jogou o melhor que pôde nessas duas partidas.
As escolhas dele pesam muito também. No primeiro jogo, opta por começar jogando com Coutinho como um ponta-esquerda, forçando ele numa exigente função tática de combate com o lateral Wesley, um dos expoentes físicos do adversário.
Nesse segundo jogo, manteve um ineficiente Vegetti em campo por noventa minutos. Foi incapaz de enxergar que o camisa 99 estava sendo insuficiente para a demanda ofensiva do cruzmaltino na partida.
São vários os erros táticos cometidos por ele, assim como suas incoerências nas escalações e listas de relacionados. Dos males, um dos maiores, mas acho injusto ele carregar esse peso no colo sozinho. Me julguem, mas não demitiria ele.
Querendo demais?
O que falar do nosso camisa 11, hein? Há quanto tempo não me exponho nas redes sociais em defesa desse cidadão. Sigo acreditando nele, verdade, mas é inegável que frustra você defender uma tese que se mata a cada dia que passa.
Coutinho em campo é aquém daquilo que até o mais pessimista torcedor espera. Por toda a expectativa que existia há anos pelo seu retorno, esperava-se, no mínimo, um jogador consistente. Não é o que se vê.
Fez excelente partida contra o Nova Iguaçu para, novamente, se omitir durante a grande parte do jogo contra o Flamengo. Incapaz de produzir o mínimo quando enfrentando uma equipe decentemente competitiva. Infla a percepção do seu jogo em partidas fracas.
Uma toalha jogada
Eu simplesmente desisto de projetar Dimitri Payet. O primeiro jogo contra o Flamengo já havia sido decepcionante. O segundo escancarou ainda mais o que é a bizarrice desse jogador receber salário superior a R$1 milhão mensal.
Não existe um atleta incapaz de performar receber tanto dinheiro. É inconcebível para mim a ideia de você almejar uma equipe competitiva, vencedora e gastar tanto num ativo que não produz. Não entrega nada que possa se ver como positivo ao time.
Não tenho medo de ser injusto ou estar fazendo uma leitura muito grosseira. É fato. Desde 2024, Payet é sombra do que foi em 2023. Detalhe que em 2023 já não foi muito. Foram dois gols decisivos e uma penca de partidas onde desempenhou abaixo. Impacto medíocre.
Por onde começar?
A esta altura do texto, acho que já respondo a pergunta que fiz ao começo dele. É preciso começar com Pedrinho. É preciso separar ídolo, pessoa, comentarista e presidente do Vasco. Os primeiros três têm minha admiração. O quarto está perdendo ela.
Postura de despreparo, de pouco pulso, de arrogância e de isolamento político. Caminho tortuoso, mas já percorrido anteriormente - até na política do Vasco. Não é inédito, o que torna ainda mais alarmante. Estamos vendo um erro ser cometido pela milésima vez.
Vive, talvez, o momento mais delicado da história de um mandatário do clube. Vive a expectativa pela revenda da SAF e pela Recuperação Judicial, ambos processos frágeis e que, se mal executados, custarão não só ao bem estar pessoal dele, mas do clube.
Torço que essa venda se concretize logo. Torço que venha essa esperança externa pois, a esta altura do campeonato, não consigo mais enxergar tanta virtude nos que ali dentro estão. Torço também para que eu esteja equivocado, mas temo estar enxergando bem.
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