Evento, que durou mais de duas horas, teve a presença de CEO e vice-presidente jurídico
Durante a tarde dessa última quinta-feira (14), o presidente Pedrinho deu uma entrevista coletiva para jornalistas credenciados em São Januário. Nela, o mandatário vascaíno comentou sobre a mais vasta gama de assuntos sobre o noticiário cruzmaltino.
Foi a sua quarta coletiva de imprensa desde que assumiu o cargo de presidente do Vasco. A última havia sido ainda em maio, no ato de posse do controle organizacional da SAF do clube.
O grande assunto a ser tratado na coletiva foi toda a tramitação pela revenda da SAF, antes comandada majoritariamente pela 777 Partners, empresa norte-americana de investimentos financeiros.
Pedrinho elucidou, por mais uma vez, que a sua intenção é de vender a SAF.
"Enquanto eu for presidente do Vasco, a minha intenção vai ser vender a SAF. A minha intenção (com ênfase) é vender. Vender é outro processo. Não posso ficar sentado esperando um investidor, porque tenho contas a pagar e preciso fazer com que o clube ande."
"Tenho dívidas, tenho compromissos e preciso fazer uma reestruturação financeira. O torcedor tem todo direito de nunca mais querer ouvir a palavra reestruturação, porque ela foi dita milhões de vezes e nunca foi feito nada. A medida cautelar é o início desse processo para que o Vasco seja autossuficiente. Isso não tem nada a ver com não querer vender a SAF. Eu preciso fazer com que o clube consiga pagar os salários."
Ele também clarificou que não há intenção de que o clube associativo retome, de forma definitiva, o controle da SAF. Explica que isso é uma narrativa mal-intencionada que foi criada para desestabilizar o momento do clube.
"A associação não vai gerir o futebol se virar SAF. Isso é uma narrativa, vocês têm entendimento e têm que começar a entender o que é a história do clube.'''
"Por que eu falo sobre intenção de vender? Porque eu posso não encontrar um investidor. Aí eu vou ser cobrado porque falei que vou vender. Quando eu falo que tenho intenção de vender, é porque eu quero vender. Eu vou conseguir? Vou ter um investidor? A gente está no mercado, atende todo mundo, algumas coisas são muito superficiais. A gente nunca vai pedir para o associativo ser majoritário. Primeiro porque a gente não tem esse desejo e, segundo, porque isso é uma maluquice. Ninguém vai investir milhões para outro mandar. Minha intenção é proteger a instituição com cláusulas de proteção."
Pedrinho também revelou que existem conversas em andamento e passou um pouco de como tem sido esse prosseguimento delas.
"Existem alguns investidores, e eu tenho que tomar cuidado quando falo porque as pessoas acham que são negociações avançadas. Existem alguns e existem NDAs (sigla em inglês para acordos de confidencialidade) assinados desse início de conversa, que eu não vou chamar nem de negociação. Por meio desse acordo de confidencialidade, não posso falar quem são os investidores. O que posso falar é que tem muito mais de um mês. Há conversas com mais de um investidor que são muito iniciais."
O mandatário também revelou que alguns interessados estiveram próximos da compra e recuaram, além de ter citado outros casos.
"Tem um com quem assinamos acordo de confidencialidade e nem começamos a conversar. A conversa inicial é muito mais para você passar um diagnóstico, por isso há um acordo de confidencialidade, os números do clube. Essa conversa de conhecimento do que está acontecendo com o clube às vezes não consegue ser nem no primeiro dia, vão ser dois, três encontros só para mostrar a realidade. Se isso avançar, vai para o segundo passo e começa a construir. Já houve investidores que estavam muito dentro (a favor do negócio) e não estão mais. Não por qualquer empecilho da gestão ou exigência. Simplesmente saíram. Não posso falar quem são os investidores pela questão do acordo de confidencialidade."
Pedrinho revelou existirem alguns critérios pela revenda da SAF.
"Tem alguns critérios óbvios para a gente alinhar com um investidor: credibilidade reconhecida, saúde financeira, planejamento esportivo financeiro com prazos para de cumprimento, estrutura de CT com prazo de cumprimento..."
"...porque a gente pode botar "gastar R$ 50 milhões no CT" e nunca gasta. A gente precisa ter garantias para proteger a instituição para não cometer o mesmo erro cometido com a 777. Na minha única conversa presencial com o Josh (Wander, sócio-majoritário da 777), pedi garantias do aporte de R$ 270 milhões, e ele disse que as garantias eram as próprias ações."
Como manter o clube sem um investidor?
O CEO Carlos Amodêo clarificou sobre como tem sido e com espera-se que seja para frente a dinâmica de condução do futebol do Vasco sem contar com um investidor externo.
"Primeiro, temos que potencializar as receitas do Vasco, que vinham sendo subutilizadas e subaproveitadas. O Vasco tem um potencial gigantesco, por todo o engajamento da sua torcida, de geração de maior volume de receitas."
"Com isso, tão logo anunciamos a contratação do Coutinho, fizemos uma campanha importante de sócios em que o torcedor prontamente respondeu. A gente sai de um patamar na nossa visão inaceitável para o Vasco, de 32 mil sócios, para um de 65 mil, 70 mil sócios. Isso muda de forma bastante expressiva a nossa receita recorrente e mensal."
"Mais do que isso: um clube da grandeza do Vasco, com a presença nacional que nós temos, não pode se dar o luxo de ter propriedades comerciais à disposição sem comercialização na metade da temporada."
"Nós trouxemos quatro novos patrocinadores, três já anunciados, um em vias de ser anunciado. E essas receitas de patrocínio também estão fazendo frente a uma nova geração de recursos para o clube, que tem permitido ao longo dos últimos meses que a gente tenha tido sucesso no sentido de cumprir todos os nossos compromissos em dia. Fora isso, temos um número enorme de iniciativas de reestruturação interna, de racionalização das nossas atividades, de redução das nossas despesas. Para que a gente possa também, com essas economias geradas, produzir um resultado melhor e ter disponibilidade de caixa pra enfrentar os nossos compromissos."
Ser mandatário é decisivo para a revenda da SAF?
Pedrinho elucidou se o boato de que estaria sendo exigido que ele fosse mandatário no futebol para a venda da SAF.
"Não, o investidor vai ser majoritário, até porque é difícil achar. Ninguém vai botar dinheiro para outro mandar, e nem é a minha intenção."
"Um ponto para ficar claro é que em nenhum momento, em cláusulas contratuais com um possível investidor, vai ter qualquer exigência de que eu participe do futebol. Zero. Essa chance é zero. Não vai ter nenhum empecilho relacionado ao futebol. Todas as cláusulas vão ser de proteção à instituição. Agora, eu voltando para o associativo em uma possível venda, (caso) um investidor queira que eu participe, vou usar a mesma frase que usei quando tinha a 777: 'Estou aqui para contribuir e colaborar'. Se precisarem da minha ajuda, é assim que vai ser. Mas eu não quero nada do futebol, nada."
Evangelos Marinakis demonstrou interesse na SAF?
Perguntado se o grego Evangelos Marinakis, especulado como possível comprador do Vasco, teria demonstrado interesse em comprar a SAF, Pedrinho criticou o emissor dessa especulação.
"Surgem alguns personagens nas redes que são aproveitadores, oportunistas. Quando descobrem um possível investidor, soltam como se fosse ele trazendo um investidor. Com qual interesse? Isso é mentira. Nenhum investidor vai em qualquer personagem de rede social para chegar ao Vasco."
"É uma negociação muito séria, eles não precisam disso. Eles vêm até mim, por meio de um CEO, direto com o presidente do clube. Esses personagens tentam entrar no circuito para ter algum tipo de benefício. Seja no futuro se tornar candidato a vereador, seja algum interesse de ter comissão no negócio ou para dizer mesmo que quer ajudar o Vasco. E não é (assim)."
"As pessoas usam o Vasco para se beneficiarem, e às vezes elas querem me atingir. Mas já falei isso 500 vezes: me atinja diretamente. Quando você fala com uma outra situação e colocando o sentimento do torcedor no meio, é sacanagem. Aí o torcedor tá ali, "viajando" com milhares de coisas. Ainda mais vendo o clube que virou SAF e está tendo sucesso, outro que ganhou título. E ficam brincando com o sentimento do torcedor."
Mesmo sem investidor, o clube se sustenta em 2025?
O CEO Carlos Amodêo respondeu ao questionamento da seguinte forma.
"Quando assumimos a gestão do clube, através da concessão da medida liminar, encontramos os cofres do clube praticamente zerados. A partir desse momento, também nos deparamos que ainda não existia um volume de receitas do ano de 2025 antecipadas. A medida que foi tomada foi: não vamos antecipar receitas de 2025 para não comprometer o ano subsequente, e vamos aumentar o volume de receitas de 2024 para fazer frente aos compromissos que temos neste ano. Foi o que fizemos, já citei dois exemplos na resposta anterior. Para o próximo ano, o que posso dizer é que as receitas projetadas estão praticamente íntegras. Não houve antecipação dessas receitas. Isso nos dá uma previsibilidade de fluxo de caixa muito melhor para 2025, e as receitas de 2025 também deverão ser substancialmente maiores do que as que tivemos em 2024, e também nos anos anteriores."
A arbitragem da FGV influencia de que forma na revenda da SAF?
Questionado sobre, Pedrinho revelou o seguinte sobre o tema.
"A gente tem que dar autorização para uma possível venda dos 31% da A-CAP. Os 39% estão na arbitragem. Toda possibilidade de uma venda dos 39%, a arbitragem tem que ter ciência disso. Ou seja, se tiver acordo de venda desses 39%, ele vai acontecer dentro da arbitragem. O que acontece? Quando tem a supervisão feita na arbitragem, isso aumenta a segurança do Vasco e do investidor. Porque o ambiente é controlado pela Justiça. Todo processo legal entre Vasco, A-CAP e 777 está supervisionado pela arbitragem, está blindado. Então não tem problema nenhum. As pessoas estão confundindo esse negócio de 31% de um, 39% na arbitragem... que isso pode gerar problema. Não, o que a gente fez com a liminar foi dar segurança jurídica. Estando na arbitragem, isso aumenta muito mais. O que a gente precisa é de um investidor. Só que as pessoas acham que é igual o mercado livre, não é assim, cara. Estamos falando de um clube de futebol que está com mais de R$ 1 bilhão de dívidas. Que aumentou sua dívida mesmo com aporte de R$ 310 milhões. Isso que as pessoas têm que entender, acham que é desculpa. Acham que estou aqui dando desculpinha, me lamentando. Não, eu sou perguntado e tenho que falar."
Pedrinho aproveitou para elucidar ainda mais sobre a gravidade da situação financeira do Vasco, explicando o porquê de tanta cautela com movimentações financeiras sendo feitas no clube.
"Eu gostaria de falar para vocês que tenho milhões para investir, que vou fazer um time superpotente, que vou ser competitivo, brigando por título, que vou ganhar a Copa do Brasil. Não vou fazer isso. Nós temos que passar por esse processo."
"Se o investidor chegar, a gente acelera essa reestruturação porque vem o aporte. Se o investidor não chegar, o clube tem que andar. O que eu tenho que ter é responsabilidade que nunca tiveram. Eu não estou pedindo paciência para o torcedor e não vou pedir, porque eu não tenho. Mas temos que passar por isso. Estamos trabalhando firmemente, paralelo a isso, para encontrar um investidor."
"Se a gente acelerar isso, a gente vai embora, vai acontecer."
"Agora, é muito cruel pegar esse gancho final, do investidor muito forte que o Botafogo tem, que foi muito assertivo nas contratações, deu tudo muito certo, podendo bater dois títulos importantes. Aí pega um rival que ganhou um título, pega o outro que vai disputar um Mundial. É muito cruel fazer essa comparação: "A gente não ganha nada...". Não estou reclamando e não vou reclamar. Eu vim aqui para fazer isso e vou fazer. Me dói pra caramba? Dói, p***! Quem quer dar notícias que não são boas? Vai ser feito um processo de reestruturação. Esperamos que chegue um investidor para acelerar isso. Se não chegar, vamos fazer do mesmo jeito. Se não vamos só aumentar a dívida. E um dos pontos do investidor é atacar a dívida com dinheiro novo, o que não foi feito."
Dê nome aos bois!
Pedrinho aproveitou o espaço e o tema em pauta para pontuar o nome de alguns dos envolvidos no processo de venda da SAF, em 2022, fato que ocasionou na situação financeira e organizacional que o Vasco se encontra atualmente.
"O que foi feito no Vasco, que abrimos uma comissão de investigação, e é bom citar: senhor (Jorge) Salgado, senhor Vitor Roma, senhor Luiz Mello, senhor Adriano Mendes, senhor Julio Brant."
"Esses caras têm que prestar conta. E eu falo de quem e o porquê. Se não acontecer uma investigação, vamos normalizar o que foi feito aqui. O cenário é esse. Pode melhorar? Pode, e muito! Eu vejo um cenário para o Vasco muito positivo. Se a gente zerar as dívidas, acabou o problema, p***! O problema é dívida, a gente estava enxugando gelo. A gente paga via RCE, o juros é maior do que quanto você paga. Tem que atacar a dívida com dinheiro novo. Essa vai ser uma exigência para o novo investidor, que ele ataque as dívidas."
"O conselho de investigação vai falar para a gente o que aconteceu. A gente só precisa entender o mecanismo da venda. Só isso. Não pregamos transparência? Então precisamos entender o que aconteceu."
"Se não aconteceu nada, ótimo. É o que a gente espera, que não tenha acontecido nada. Se aconteceu, eles vão ter que prestar contas."
O Vasco recusou uma proposta de R$600 milhões?
Perguntado sobre a especulação de que o Vasco teria recusado uma proposta de R$600 milhões pela revenda da SAF, Pedrinho ironizou o emissor da mensagem e elucidou o tema.
"O Vasco tem que evoluir em alguns aspectos. Se eu tivesse uma proposta de 600 milhões, por que eu recusaria?"
"Esse personagem que falou isso vai ter que provar na Justiça, vai ter que ter um contrato da proposta de 600 milhões, pô."
"Eu não entendo como as pessoas acreditam nisso, como o torcedor vascaíno acredita em certos personagens e começam a debater isso. As pessoas não percebem? Esse cidadão estava na sede da Lagoa. Para ficar claro, eu sou o presidente do clube e responsável pelas sedes. Então qualquer coisa que aconteça ali, não importa se tem alguém fazendo de boa vontade, eu sou o responsável. OK? Ok. Não mexi nisso em respeito ao torcedor (campanha da vaquinha)."
"Quando fui tomando conhecimento de tudo, descubro que lá temos um problema de elétrica que poderia pegar fogo na sede. Ué, e por que não pega esse dinheiro e faz a elétrica? Não, porque a pessoa falou que tem que colocar torneira de ouro porque isso que dá visibilidade. Depois essa pessoa se candidata a vereador."
"Então eu tenho que tirar essa pessoa de lá, porque ali não é lugar das pessoas usarem o Vasco em benefício próprio. E eu vou fazer a intervenção, mando uma equipe para cuidar do problema da elétrica."
"Paralelo a isso, eu descubro que a sede da Lagoa não tem seguro, sendo que a gente tem ali quase R$ 12 milhões avaliados nos barcos. Porque os gestores antigos não pagavam. Paralelo a isso, eu descubro que um dos conselheiros, que hoje é uma grande voz nas redes sociais, que era de um grupo que cuidava do Calabouço, tinha 'gato' no Calabouço."
"Para ficar claro, eu estou sem dinheiro, mas eu sou honesto, poderia fechar o olho, menos uma conta. Não, mandamos uma equipe lá e vamos pagar a conta. Vamos fazer um acordo do que estamos devendo e vamos pagar. É muita coisa, as pessoas dão credibilidade a pessoas que não são profissionais. Isso é muito grave, os torcedores acreditam nesses personagens."
"Não existe (proposta de investidor). Esse momento, eles estão tendo conhecimento do que é a situação do clube, financeira, estrutura, dívida, orçamento. Nem sei se nas primeiras conversas a gente mata tudo."
"Quando matar todo esse processo, ele ou eles provavelmente levam para uma equipe para fazer toda avaliação do Vasco. Como já conversamos com um, ele já foi embora e vocês nem souberam. Não por algum empecilho, mas porque viram a situação e foi embora."
Situação do fornecimento de material esportivo
CEO do Vasco, Carlos Amodêo comentou sobre uma especulação de que o clube estaria fechado com uma nova empresa de fornecimento de material esportivo.
"Quando tivemos o advento da medida liminar, e houve o início desse processo de gestão liderado pelo presidente Pedrinho, nos deparamos com uma situação absolutamente inusitada no futebol, que é estarmos na metade de 2024, termos um contrato de fornecimento de material que termina em 31 de dezembro e não haver negociação para extensão desse contrato ou um novo fornecedor. As fábricas precisam, por via de regra, de um ano, um ano e meio de antecedência para programar suas produções."
"Com base nisso, tivemos várias marcas globais com interesse no Vasco. A potencialidade, a força do clube é algo impressionante para quem chega de fora para entrar nesse processo de gestão. Entendemos que nesse momento era prudente que fizéssemos uma extensão do contrato da Kappa ao longo de 2025."
"Ela ficará conosco até 31 de dezembro de 2025 por uma questão de segurança e também abastecimento. Aí sim, em 2026, teremos ou uma nova extensão com a Kappa ou um novo fornecedor de material esportivo. Estamos trabalhando intensamente com a antecedência que o tema requer."
Negociação com credores
Amodêo também falou sobre o processo de negociação do Vasco com os credores, revelando detalhes do andamento do processo de quitação das dívidas do clube.
"Isso tem se ajustado a cada momento, enquanto a gente está aqui tem novos credores entrando no processo de negociação. Já convidamos para o processo de negociação mais de 450 credores. Alguns estão aguardando as primeiras reuniões, outros já tiveram essas reuniões. O prazo de 60 dias na Medida Cautelar é exíguo, por isso temos um grupo de profissionais nesse processo, são três escritórios de advocacia conduzindo o processo. Queremos o maior volume de credores e de dinheiro ao final desse prazo e depois estabelecer a melhor alternativa para os próximos passos."
Se o investidor não chegar, como o clube se manteria em 2025?
Pedrinho explicou como está o panorama financeiro do Vasco nesse momento.
"Tem um passo seguinte após a Medida Cautelar Antecedente, que vai ser uma decisão interna. O Amodeo me garantiu que 2025 está tranquilo em termos de pagar todas as contas. Você criar um planejamento de vendas de atletas faz parte de quase todos os clubes, até os muito ricos. Normalmente, as possíveis vendas, principalmente no caso do Vasco nessa situação financeira, partem da base. Podem surgir um ou outro que já estejam jogando, não muito experientes, mas normalmente surge da base."
"Eu quero chegar num nível em que o Vasco utilize a base o máximo de tempo possível, que tenha um retorno técnico para uma possível venda. Não é esse momento."
"Nesse momento, o que me deixa bastante chateado é que às vezes você vai ter que vender a base para cair dentro da conta de orçamento, e fechar os pagamentos. Isso me irrita, porque é um dinheiro que entra para você pagar conta. Mas é um planejamento, e faz parte disso. Vamos criar uma cota de quantos jogadores mais ou menos o Vasco precisa vender."
Negociação com o banco BTG
Pedrinho revelou detalhes da negociação com o banco BTG, banco de investimentos que estaria investindo no clube.
"A gente tem que entender o nível de empréstimo e o que você vai pagar por ele. Às vezes pela situação do clube você é sufocado num juros muito grande. Qualquer tipo de empréstimo vai ser bem avaliado para que a gente consiga até pagar. A gente conversa com outros fundos também, não só com o BTG. A gente é ouvido pelo BTG por causa da credibilidade, o que a 777 não tinha mais."
Recuperação judicial pode dar instabilidade jurídica?
O vice-presidente jurídico Felipe Carregal revelou detalhes sobre o processo de recuperação judicial do Vasco e quais seriam os seus efeitos na instabilidade jurídica.
"Muito ao contrário. Está claro que esse processo traz previsibilidade para um potencial investidor, como segurança para o Vasco também. A gente trabalha com vários cenários, tem várias reuniões todos os dias sobre esses assuntos. A recuperação é uma opção antiga, já vinha sendo alertado pelo conselho fiscal da SAF, que atuou de forma independente da 777. O mercado está reagindo de forma positiva ao que estamos fazendo."
Atraso no início das reformas de São Januário
Pedrinho admitiu que haverá um atraso no início das reformas em São Januário, antes previstas para o começo de janeiro de 2025.
"Eu assumo essa responsabilidade. Eu falei que iria iniciar em janeiro, fiz muita força com a Prefeitura do Rio de Janeiro, fui muitas vezes na Câmara pedir para acelerar os processos, porque eu tinha 100% de certeza que a gente estava fechado com um comprador total. Estava tudo muito certo, só que a gente não tinha nada assinado. E abriram outras possibilidades de outros locais de potencial, o possível comprador saiu da mesa. Estava muito certo, só que negócio é negócio. Não estava assinado. Por isso que eu falei muito mesmo que a gente iria começar no início do ano, porque era muito concreto. Serve de experiência, eu assumo essa responsabilidade de não começar em janeiro."
Avaliação sobre a janela de transferências
Questionado sobre as movimentações do Vasco na janela de transferências do meio do ano, Pedrinho fez uma avaliação.
"Só pontuando as contratações que foram feitas na janela. As três primeiras foram Coutinho, Souza e Alex (Teixeira), não preciso voltar nelas. É muito cruel você fazer uma avaliação em um momento duro, delicado. Vocês têm tanto acesso quanto eu e toda equipe de scout a qualquer atleta que vem."
"Ninguém consegue enganar ninguém. 'Ah, vou trazer um jogador bom'. Se ele for ruim, vocês vão saber que é ruim. Vocês têm acesso a alguns aplicativos esportivos para ter dados, números, vídeos."
"O Maxime Rodríguez é muito bom jogador. Um ponto sobre ele é que foi divulgado um valor que foi repercutido. Ninguém se deu o trabalho (de checar), porque em Portugal você pode publicar o valor. Tá lá, no time Gil Vicente, por quanto foi feita a transação. Alguém foi lá olhar? Quanto falaram para vocês que foi a transação? Entra lá e vê. Foi 1,5 milhão (de euros). O salário dele é pequeno. A gente paga em 18 meses a transação, mas divulgam números absurdos e ele é muito bom jogador."
Momento do time tecnicamente
Pedrinho se absteve de tecer comentários mais profundos sobre o momento do Vasco, deixando a responsabilidade disso para Rafael Paiva.
"Eu não posso chegar hoje e falar nada sobre modelo de jogo. Todos os questionamentos sobre técnica, tática e escalação são direcionados para a comissão técnica. Óbvio que se pedirem a minha opinião, eu vou dar, mas não é a minha função. Hoje tenho um scout, gestores esportivos que passam para mim e eu dou o aval, a canetada, junto com o Amodeo."
"O Jean pode estar jogando bem ou mal, mas ele não pode ser convocado para a seleção chilena e ser ruim. Contra o Vitória, fez um bom jogo. Pode ter caído de rendimento. Mas é um contexto que de repente faz com que ele não renda o que pode, mas é um bom jogador."
"Para nós, e pegando o gancho da minha função, é muito mais fácil ir no embalo de uma onda, e é difícil ir contra a maré mesmo. Analisem com um pouco mais de calma a questão de jogar bem ou não, minutagem ou não, para a definição se o cara é bom ou não. Eu posso afirmar para vocês que os dois são bons jogadores."
Os jogos do Vasco no Carioca em 2025 serão em São Januário?
Perguntado sobre a possibilidade do Vasco mandar suas partidas em São Januário durante o Campeonato Carioca de 2025, Pedrinho disse.
"Enquanto a gente tiver o campo a gente vai jogar. São 100 mil metros quadrados (quase vendidos) e já tem interessados nos outros dois terços (do potencial construtivo). Mas tem esse mecanismo do dinheiro, porque a projeção de receita desse possível comprador não é agora, então a gente tem que arrumar ali ou um empréstimo com um banco ou alguma coisa para iniciar a obra, mas precisa sair o decreto e ser comprado. Aí é ver se com esse primeiro impacto financeiro a gente já consegue iniciar a construção. A gente poderia arrumar outras estratégias que eu não quero usar, por exemplo 'vamos iniciar com as vendas dos camarotes'. Pode ser uma das alternativas se tiver tudo muito engasgado."
Pedrinho falou sobre outras temáticas, que podem ser conferidas na íntegra na entrevista que fica no ar na VascoTV, no Youtube.
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