Falas e informações sobre a comissão que investiga a SAF feita pela gestão salgado
Abrimos uma comissão de investigação, e é bom citar: senhor (Jorge) Salgado, senhor Vitor Roma, senhor Luiz Mello, senhor Adriano Mendes, senhor Júlio Brant. Esses caras têm que prestar conta. E eu falo de quem e o porquê. Se não acontecer uma investigação, vamos normalizar o que foi feito aqui - Pedrinho, presidente do Vasco.
Afirmou o presidente Pedrinho durante a última coletiva na quinta-feira(14), quando cita membros antigos que fizeram parte do processo de formulação e venda da SAF vascaína.
O presidente cita a comissão investigativa que em junho divulgou sete nomes que estavam sendo investigados pela comissão. Um dos objetivos da comissão é: "Apurar o processo de escolha da empresa 777 Partners para a aquisição de 70% das cotas do Vasco da Gama SAF" durante o último comando associativo.
A comissão foi instalada pelo presidente do Conselho Deliberativo João Riche e tem o fito de investigar o processo de constituição da SAF e venda para a 777 Carioca, buscando possíveis irregularidades administrativas no processo, seja administrativamente, civil ou criminalmente. Não há caça às bruxas, o que estamos fazendo é um trabalho em prol do Vasco, para trazer à tona a verdade de forma limpa. Sem nenhuma conotação política, até porque na comissão há representantes dos beneméritos, da minoria e da maioria, todos eleitos pelos sócios do clube, principais interessados no processo - José Henrique Gonçalves, presidente da comissão.
Os escolhidos tiveram um prazo de 120 para análise de documentos e preparação de um relatório sobre a venda e formulação da SAF do Cruzmaltino. Porém, o prazo ja foi adiado por mais 120 dias e poderá ser adiado mais uma vez devido a dificuldade de agendamento e análise do material em si.
Citados pelo presidente Pedrinho durante coletiva:
Jorge Salgado, ex-presidente do Vasco;
Vitor Roma, ex-VP de marketing de Salgado;
Luiz Mello, ex-CEO da SAF e do Vasco (associativo);
Adriano Mendes, ex-VP de finanças de Salgado;
Júlio Brant, ex-candidato à presidência do clube e ex-aliado de Pedrinho.
O processo está sendo feito de forma sigilosa pela comissão investigativa, e todos estes já foram ou serão ouvidos. A comissão apenas apura e também convoca testemunhas e com isso outros nomes foram ou serão ouvidos:
José Bulhões, ex-VP jurídico de Salgado;
Roberto Duque Estrada, ex-segundo vice-geral de Salgado;
Carlos Roberto Osório, ex-VP de Salgado.
A investigação começou com o depoimento de 15 pessoas que leram o contrato, em que 11 já foram ouvidas. Após isso, é planejado que pessoas da gestão do ex-presidente, Jorge Salgado, sejão ouvidas até meados de dezembro.
A comissão
Formada por sete pessoas, dentre elas, três da situação, dois da oposição e dois beneméritos do Vasco:
Conselheiro José Henrique Carvalho Gonçalves - presidente;
Conselheiro Cláudio Pereira Gomes - relator;
Conselheiro Luiz Gustavo de Menezes Ribeiro;
Conselheiro Jorge Luiz Moraes;
Conselheiro José Pedro Mota de Souza Ferreira;
Benemérito André Luiz vieira Afonso;
Grande benemérito Emmanoel Ursulino de França Filho.
O intuito é apurar o período investigado, pedindo materias e fazendo "dossiês" de cada testemunha. Se houver irregularidade, são indiciados e encaminhados ao Conselho Deliberativo ou à presidência do clube.
Fala dos citados por Pedrinho:
Luiz Mello, ex-CEO da SAF e do associativo do Vasco;
Desde minha saída do dia-a-dia do Clube há mais de 1 ano, nunca fui chamado a prestar esclarecimento em nenhuma Comissão. Importante ressaltar que a criação da SAF e posterior venda à 777, seguiu rito previsto em Estatuto e contou com a aprovação dos sócios e de comissões específicas do Clube que aprovaram todas as etapas, além do apoio de parceiros estratégicos com experiência em transações similares, como KPMG, BDO, Grant Thornton e BMA Advogados;
Depois que assumi como CEO e antes mesmo do processo de venda, o Clube iniciou profunda reestruturação administrativa e financeira, com implementação de normas claras e de governança em vários departamentos, e apresentou visível melhora nos números ao longo dos anos.
De maneira concreta, em 2020, mesmo o Clube estando na primeira divisão, suas dívidas, em demonstração financeira auditada, aprovada e listada no site do Clube, estavam em R$ 832 milhões (esse valor em 2024, atualizado pelo IPCA , já superava R$ 1 Bilhão!) e as receitas neste ano chegaram a R$ 235 milhões;
Já em 2023, estas mesmas demonstrações financeiras auditadas e aprovadas mostram que as dívidas foram reduzidas para R$ 696 milhões (R$ 740 milhões em 2024, atualizado pelo IPCA) e a maior receita da historia do Clube foi atingida com R$ 364 milhões, ainda aquém do potencial do Clube, porém significativamente maior do que nos anos anteriores;
Esses dados mostram o comprometimento da gestão à época na redução deste importante passivo, com importantes acordos junto a PGFN, implementação do RCE, e melhorias significativas nas receitas do clube. Este aumento de receitas é imprescindível para a sustentabilidade a longo prazo, e com base nas alterações propostas de governança e comerciais, o esperado para um Clube da grandeza do Vasco para o ano de 2024 seria uma nova quebra de recorde; por entender que o Vasco precisa de estabilidade para atingir voos maiores, não havia me pronunciado até o momento, mas algumas questões precisam ser esclarecidas para evitar que notícias sem as devidas fundamentações prosperem, inclusive com o uso de medidas judiciais quando cabível.
Adriano Mendes, ex-VP de finanças de Salgado;
Foi com surpresa que fui informado das declarações do Presidente Pedrinho no dia de ontem em sua entrevista coletiva, citando meu nome publicamente com conotação negativa, em um contexto de que devo prestar contas de algo.
Antes de mais nada, sempre prestei contas do que fiz em minhas duas passagens no Vasco. A primeira de fevereiro de 2018 a dezembro de 2019, sendo a segunda passagem, de fevereiro de 2021 a outubro de 2022, quando fui Vice-Presidente de Finanças com as contas sendo aprovadas no Clube. Além disso, minhas passagens foram sempre marcadas pela busca incessante de transparência nas finanças do Vasco, cujo maior evidência foi a constante melhoria do Balanço do Clube. O Clube era caracterizado por balanços sem confiabilidade e no final de 2022, o que existia eram Balanços extremamente transparentes e informativos, sem ressalvas e auditados por umas das cinco maiores empresas de auditoria do mundo. A melhor forma de prestação de contas de uma Gestão financeira é um Balanço transparente, muito informativo e validado por uma empresa especializada e renomada de auditoria; Assim, não faz sentido falar, em qualquer contexto, de que não prestei contas das minhas passagens no Clube.
Em relação a essas passagens acima, tenho orgulho, junto com diversos vascaínos e profissionais, de ter participado diretamente de vários avanços como a já citada melhoria do Balanço do Clube, da reformulação do Programa de Sócios em 2019, da criação e gestão da “vaquinha” com os torcedores que financiou a inauguração do nosso Centro de Treinamento, do debate e aprovação do projeto de reforma de São Januário mas, principalmente da redução da dívida do Clube durante os dois períodos em que auxiliei a Diretoria Administrativa. Senão vejamos, com base nos números auditados informados no Balanço da SAF de 2023, a dívida bruta ficou estabilizada no biênio 2018/2019 e caiu mais de R$ 200 milhões no exercício de 2021, quando reestruturamos a dívida com as negociações com a PGFN e no âmbito da RCE, fechando o exercício com menos de R$ 800 milhões (era R$ 1,035 bilhão no final de 2020 e R$ 797 milhões no final de 2021) Em 2022, a dívida bruta voltou a se manter estável, fechando em R$ 804 milhões. Em consequência, não existe qualquer motivo para falar da administração da dívida do Vasco no período em que estive auxiliando o Clube, principalmente na última passagem.
Depois, cabe menção acerca da minha participação na criação da SAF e posterior alienação de participação acionária ao Grupo 777 Partners. Em relação a esse processo, o que mais fiz, com todos os demais envolvidos, foi prestar contas do que foi feito em processo extremamente transparente e aprovado em todas as instâncias do Clube. Só para relembrar, em resumo:
Foi recebida uma proposta de um investidor caracterizada por aporte de capital de R$ 700 milhões em 4 anos, investimento ainda maiores do time profissional nesse período, manutenção de 30% de participação acionária e propriedade de nosso estádio para o Clube, além da assunção de R$ 700 milhões de dívida líquida pela SAF, montante maior do que toda dívida do Clube na data. Essa foi a única proposta que chegou aceitando essas condições;
A Diretoria não aceitou a proposta recebida, ela imediatamente repassou a mesma para debate e análise de todos os Poderes do Clube, algo que perdurou cerca de 6 meses. Nesse período, uma Comissão de 15 conselheiros, inclusive membro do Conselho Fiscal, analisou os contratos e todos os documentos referentes a 777 Partners, recomendando expressamente a aprovação da proposta em questão. Nesse interim, a 777 Partners estava em plena expansão adquirindo clubes e conseguindo aprovação dos mesmos em países como Alemanha, Bélgica, Austrália e França. Posteriormente, a proposta foi aprovada pelo Conselho Deliberativo e pelos sócios em Assembleia Geral com aproximadamente 80% de aprovação;
Somente então, a proposta foi aceita e assinada. Todos aprovaram, como foi observado por todos os vascaínos nas sessões transmitidas ao vivo pela VascoTV, pelo detalhado FAQ com perguntas e respostas e ainda por audiência pública
Ele completa à sua fala:
Logo, nesse processo, todas as contas foram prestadas e nada foi decidido sozinho. Todos participaram, todas as instâncias aprovaram e os sócios decidiram em sua grande maioria. A Diretoria foi assessorada por renomadas empresas como KPMG, BMA e BDO, além do processo final ter passado por Due Diligence por parte do investidor, realizada pela empresa americana Grant Thornton, sem qualquer óbice.
E, até a descontinuidade do contrato, o que se viu, de acordo com os últimos números auditados conhecidos, constantes no Balanço auditado da SAF de 31/1/2023, apresentou um quadro financeiro que demonstrava entrada de mais de R$ 310 milhões na SAF em aportes societários, pagamentos de salários e acordos de dívida em dia, redução do endividamento líquido para R$ 740 milhões, crescimento da receita de R$ 135 milhões para R$ 364 milhões e forte investimentos no time profissional de R$ 164 milhões contra apenas R$ 8 milhões no último ano associativo na gestão do futebol. Assim, dados os últimos números conhecidos, a negociação com a SAF somente apresentou benefícios financeiros ao Vasco, em uma constatação sob a ótica estritamente financeira até o exercício de 2023, sem entrar em qualquer mérito jurídico ou de gestão. Sobre 2024, não se sabe os números e foi caracterizado pela descontinuidade do projeto SAF logo nos primeiros meses do ano. E vale sempre lembrar a realidade vivida pelo Vasco nos últimos 24 anos, com salários, impostos e fornecedores sempre em atraso, receitas declinantes e sem capacidade de investimento no futebol.
Como visto, sempre prestei contas em meus atos no Clube, aprovados pelo Conselhos Fiscal e Deliberativo, assim como os sócios. O nível do endividamento sempre foi reduzido em minhas passagens, conforme números auditados por algumas das maiores empresas de auditoria do mundo. Estou à disposição para colaborar em quaisquer esclarecimentos, desde que naturalmente tenha ciência prévia dos regulamentos e ordenamento do processo, além de acesso isonômico a todos os documentos correlacionados aos questionamentos. Por fim, que o Vasco consiga passar por mais esse momento difícil e que nós torcedores possamos finalmente viver um Vasco protagonista de forma sustentável.
Vitor Roma, ex-VP de Marketing de Salgado;
Eu só posso lamentar. Além de respeitar o Pedrinho, que é o meu ídolo, é público e notório que eu não participei da venda da SAF. Fato reconhecido pelo próprio presidente Jorge (Salgado). Inclusive eu fui um dos signatários de uma carta que questionava a negociação e que dizia que a negociação não estava sendo bem conduzida. Isso me surpreendeu porque foi de conhecimento muito próximo do segundo VP do Pedrinho, o Renato Brito. Trocamos muitas ideias durante esse período, ele sabe o quanto eu não participei de nada.
Deixei a administração do Vasco tão logo foi oficializada a indicação do Luiz (Mello) como CEO, que foi uma falha inaceitável do Vasco. É de conhecimento público que eu nunca fui a favor da permanência do Luiz como CEO. Com relação à Comissão, eu não fui chamado para dar nenhum esclarecimento a nenhuma comissão. Eu gostaria de ser convocado agora, visto que o presidente me citou em entrevista. Quero ir lá, quero saber quais são as evidências e responder o que for necessário. Eu estou à disposição para qualquer esclarecimento, tenho a consciência muito tranquila.
Roberto Duque Estrada, ex-segundo vice-geral de Salgado;
Eu tenho muita tranquilidade porque não participei de negociação nenhuma de contrato. Nem eu nem Osório participamos. Quem negociou contrato foram Jorge (Salgado), Adriano (Mendes) e o (Luiz) Mello, em termos de negociação. O que eu fiz como vice-presidente e advogado foi participar e presidir a comissão do Conselho Deliberativo que examinou os contratos quando já estavam negociados, e a comissão aprovou os contratos. Foi uma comissão bastante representativa porque tinha gente de todas as correntes políticas, entendeu? E foi muito técnica.
O contrato é maravilhoso. Entre as SAF's, é o melhor contrato que tem. R$ 700 milhões de aporte, R$ 700 milhões em dívidas, quinto maior orçamento, não distribuir dividendo se não performar. Tem que olhar duas 777: a 777 de quando o Juan Arciniegas era o responsável pelo futebol e a 777 de depois que ele saiu. Enquanto ele estava lá, estava indo tudo direito. Ele saiu justamente porque tinha divergência com o Josh com relação a comprar outros clubes. Ele não queria o Hertha Berlim, por exemplo. E os caras insistiram. O contrato foi aprovado por quase 80% dos sócios. E não estou vendo ele (Pedrinho) buscando aprovação nenhuma de sócio para qualquer coisa.
Carlos Roberto Osório, José Bulhões, Jorge Salgado e Julio Brant que foram citados ou estão na mira da comissão também foram procurados para serem ouvidos mas não houve retorno à equipe do GE, que apurou todas estas falas e informações.
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